Como o machismo afeta os homens e as mulheres e como se manifesta nas relações de gênero

 



As relações sociais de gênero desiguais e injustas são construções sócio-históricas que expressam os modos de sociabilidade instituídos ao longo do tempo, isto é, os valores, normas e regras de comportamento atribuídos aos chamados gêneros feminino e masculino são manifestações do modo de ser, agir e pensar baseados nos princípios do patriarcalismo e do machismo.
Conforme este modelo de organização social - que valoriza e superestima o poder masculino em detrimento da desvalorização da figura feminina e das suas habilidades e competências - as funções sociais e papeis de gênero são fenômenos naturais e biológicos que não podem ser mudados, a fim de se manter o equilíbrio e coesão do funcionamento do sistema social. 
Porém, a feminista e escritora Simone de Beauvoir, na obra O Segundo Sexo, afirma categoricamente que “não se nasce mulher, torna-se mulher”, quer dizer, os papeis de gênero e tudo o que é atribuído sobre o que é ser homem e ser mulher são construções humanas, culturais e históricas e não são fenômenos naturais determinados biologicamente como acreditam e defendem muitos autores, os quais, analisados a partir de uma perspectiva histórico-critica, reproduzem ideias conservadoras que não levam em conta a dinamicidade da história e sociedade humanas.
Tais comportamentos e valores morais a cerca do que historicamente denominou-se de masculino e feminino com relação aos sexos biológicos são legitimados por análises a-históricas e a-políticas que colocam o homem em um patamar de superioridade e dominação e que subjugam o poder de decisão da mulher a considerando como um ser fraco, submisso e incapaz de desenvolver capacidades e habilidades físicas e intelectuais iguais ou superiores às dos homens.
Neste sentido, pode-se afirmar que a ideologia do patriarcado e do machismo é reproduzida cotidianamente através dos meios midiáticos de comunicação, como internet, jornais impressos e televisivos e outros programas e propagandas comercias de televisão, além de a reproduzirmos em nosso próprio convivo familiar e comunitário, bem como em escolas, festas e outros espaços sociais.
Afinal, desde criança somos ensinados equivocada e erroneamente que homens são mais fortes e habilidosos que as mulheres, sendo que, portanto, devem assumir funções e cargos na divisão sócio-técnica do trabalho mais complexos, valorizados e melhor remunerados, restando para as mulheres ocupações geralmente inferiores e desprovidas de condições de trabalho adequadas sendo menos remuneradas do que os homens que exercem as mesmas atividades laborativas.
Nessa estrutura, as mulheres são, geralmente, obrigadas a cuidar dos afazeres domésticos e zelar pela proteção e cuidado dos filhos, mas devemos reconhecer que comparando-se com décadas atrás este cenário de desigualdade mudou bastante com as conquistas dos direitos femininos, bem como os políticos, civis e sociais, ainda que nesta direção precisa-se avançar muito. 

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